segunda-feira, novembro 23, 2009

"Eu conheço bem a fonte que desce daquele monte, nessa fonte está escondida o segredo dessa vida."

Sei que a morte não podia ser mais bela


Uma faca afiada desce escorregando à garganta
Ferindo os sonhos que ainda viriam me iluminar
E chega aos prantos do meu coração o fazendo calar
Com toda a audácia de quem a colocou em seu lugar.

Ao fundo escuto uma gargalhada sem graça
Fazendo-me pensar no que eu deveria pensar
Mas qual o motivo de pensar quando já não se respira?
Quando já não circula o sangue em meu corpo.

Vou ficando pálido e menos triste
Minhas unhas parecem perder a vida
Meus dedos parecem estar frios
Meu corpo não mais transpira.

Sinto um enorme vazio
Já que minha alma está sendo retirada aos poucos
Em breves sussurros de vida a vejo
Não querendo sair assim tão repentinamente.

O que fazer? Se, o tempo, não faz curvas.
Não posso voltar ao estado normal
Não quero sofrer novamente
Só sinto um arrepio que invade meu corpo.

O que fiz para a morte querer me buscar tão cedo?
Será que são as noites em claro que me vejo passando?
Podem ser as namoradas que sempre deixei sofrer
Ou até mesmo as sogras que eu não deixei me ver.

São tantos os porquês que temos numa hora tão delicada
Que nenhuma resposta é sincera e clara
Nenhum laço é tão forte que não se rompa
E nada é capaz de conformar quem nos ama.

Sei que meus cabelos vão continuar crescendo
Minhas idéias continuarão mudando parte do futuro
Meus olhos guardarão eternamente a imagem do meu assassino
E meu caixão apodrecerá aos poucos conforme o tempo vai passando.

David Edison Julião Saragosa

1 Comments:

At 4:08 PM, Blogger Felippy said...

"Meus olhos guardarão eternamente a imagem do meu assassino." frase do grande Carlos Drummond de Andrade

 

Postar um comentário

<< Home