terça-feira, dezembro 06, 2005

...A verdade atrás da ignorância...


Nos matam aos poucos


A decadência do mundo está nas mãos dos homens.
Onde o dia é uma luta e a noite é um apelo.
Os bons estão fora desse jogo onde viram lobisomens.
A guerra é um sossego, mas a vida nos traz medo. Muito medo.

Permitimos a paz, a vida e a guerra também.
Permitimos a nossa esperança, mas não dizemos amém.

As balas perdidas se acham no corpo de algum marginal.
Na rua, na casa, na cama e no ar nos escondemos do sol.
Somos os marginais procurando abrigo num mundo de sombra.
Procuramos surfar num mar que pra mim não tem onda. Não tem nada.

Permitimos a paz, a vida e a guerra também.
Permitimos a nossa esperança, mas não dizemos amém.

Nossa vida é tão curta e simples como um bocejo.
Parece ser contagioso esse ato de suicídio aos poucos.
Pois respiramos o ar que todo dia nos mata sem se quer perceber.
É uma morte muda e surda que nos leva devagar. Bem devagar.

Permitimos a paz, a vida e a guerra também.
Permitimos a nossa esperança, mas não dizemos amém.

Não sei o que pensar da nossa geração que vive amordaçada.
Onde quase todos pensam aquilo que nos é permitido.
E os poucos que ainda conseguem fugir da coleira.
São amarrados e injustiçados pelos que lhe devem respeito.

Permitimos a paz, a vida e a guerra também.
Permitimos a nossa esperança, mas não dizemos amém.

Toleramos e ainda vamos permitir mais.
Permitiremos que nos tirem a vida em troca de poder.
Que levem nossos corações e ainda mais.
Que bebam nossa água quando não houver mais o que beber.
E agora o que fazer?


--David Edison Julião Saragosa--