sexta-feira, agosto 18, 2006

...E SE UM DIA O PAI ACOLHESSE O FILHO???... ÉPOCA DE ELEIÇÃO, FOME E CORRUPÇÃO...

Quase, Brasil!


Brasil, pariu, o silêncio.
Depois de anos de dor.
Brasil, abandonou, o esquecimento.
Depois de alguns sentimentos de amor.

Seu filho está parado no tempo.
Sentado no meio fio da angústia.
Pensando estar vivo.
Esperando seus pais que jamais virão.

Quase lúcido.
Quase limpo.
Quase parado.
Quase vivo.

Cabelos longos da sua retidão.
Abusivo, o seu modo de olhar.
Profundo no poço da escuridão.
Sem forças para poder chorar.

Seu grito, quieto.
Pedindo ajuda.
Seu riso, quieto.
Ingratidão.

Passam, as pessoas.
Arreganham, seus olhos.
Não acreditam.
Fingem, não ver.

Num olhar perdido, a dor.
A compaixão da rua.
O desprezo dos olhares.
A vida crua.

Pratos de plástico ao redor.
Triste compor a infeliz alegria.
Um quadro pintado à mão.
E borrado pelo tempo.

A tinta dessa selva que distrai.
Passa o tempo e seu filho lá.
Acorrentado por fios de carência.
Passa a vida.


Morre no meio fio, o lar que o abriga.
Deitado está o filho que saiu de sua barriga.
Justos, são os olhares que fingem ver.
Uma dor que se arrepende e prefere não ter.

O tempo passou e seus pais não chegaram.
A vida passou e ninguém percebeu.
Assim fantasiamos o que para outros é real.
Lá se foi, mais um filho, um sonho meu.

David Edison Julião Saragosa