"Vejo o sol tocando a ponta do para-raio da cruz."
Munganga da arenga
Na vastidão do rio mais
seco
Na escuridão dos olhos
cangaceiro
Nas pancadas da chuva do
sertão
No meu primeiro trago
A santa chora pela vela
Desandou a prossição
Nordestino, fino e peão.
Todos ajoelhados ao chão.
Nossa história mal contada
Falada, velada e calada.
As gotas, da vela, queimam.
Os olhos das veredas
arrepiam
Cigarro no dedo e carvão
Entope as veias do coração
Cachaça na encruzilhada,
sede.
Seca pele do calcanhar rachado
Cobertor de palha e palma
Água da seca borrada de
barro
Barreiras, sem cercas,
invisíveis.
Catingueira retorcida de
flores espinhos
A cascavel cochila com
fome
Trovões que não encontram
o chão
Terreiro, amarração e
laço.
Xiquexique, panela e
pilão.
A cigarra que canta
desacorçoada
Inibida e empalhada
A melodia bizonha da um
furo
É a fome que foge, pula o
muro.
David Edison Julião Saragosa