domingo, dezembro 28, 2008

Entidade imaginária que, segundo a superstição popular, sai das sepulturas para sugar o sangue dos vivos.

Vampiro


Há um tempo, vivia perdido.
Saboreava a solidão com gotas de sangue.
Estava escondido e afastado dos meus ancestrais.
Ando meio acuado, após cem anos, não sou mais o mesmo.

Levantei da tumba que me abraçava.
Ainda com o pouco de sangue que me resta.
Minha sede ainda me mantém vivo.
E minha fúria escassa encurralada me clama.

Sobrevoei as orgias incessantes da cidade.
Na realidade tudo parece desigual.
Mas nos meus sonhos ainda vivia no passado.
Apenas o gosto do sangue jamais mudará.

Cogitavam, a minha volta, pelos becos mais estreitos.
Arrepiavam-se ao pensar nas trevas que em mim vingava.
Mas ainda com receio, apreciavam a escuridão.
Por minhas mãos salientavam a discórdia.

O puro sangue, de que me alimento, desfalece a alma.
Torna-as imprestáveis e vagueáveis.
Como um sussurro que poucos ouvem.
E se perde no abismo da morte que desconheço.

Preciso me alimentar dos poucos bons momentos.
Apesar dos anos em devaneio, pouco me recordo de jovialidades.
Minha luz profunda de aparência opaca esconde o meu vigor.
Apenas os que morrem por minhas mãos a sentem.

E enquanto continuo a minha caminhada em busca de poder.
Espalho o terror onde minha vista consegue alcançar.
Sacrifico meu luto para permanecer eterno.
E tento não atrair a atenção daquele que possa me atormentar.

David Edison Julião Saragosa