terça-feira, dezembro 06, 2005

...Agora fugindo do contexo apenas para nos livrar um pouco dessa indignação, dessa indigna nação, que somos nós mesmos...

Dureza de molho


Um pulo no mundo.
Um soco no refrão.
Um chute bem no fundo.
E uma cabeçada no não.

Fumando versículos.
Deslizando no azar.
Sorrindo veículos.
Morrendo para matar.

Saio do chão de areia.
Fácil de ser como se fosse.
Uma louca estratégia.
E frustrante de doce.

Escrevendo numa pitada de sal.
Sórdido e banal.
Estático de choque.
Resolvendo a equação do norte.

Sem sentido algum.
Sem planos para alguém.
Ninguém para ser feliz.
Nem refrão tem e diz.

Colorido aos avessos.
Travessos.
Palavra ao vácuo.
Prós em cátodo.

Estúpido e sincero.
Verde no hemisfério.
Vulto de repentes.
Susto incoerente.

Vida de aleluia.
Aleluia de saudade.
Saudade de ambicioso.
Ambicioso de verdade.

--David Edison Julião Saragosa--

...Olhe para o céu todo dia, pois um dia não verás mais a lua...

Lua minguante dos sonhos


Nada de leis.
Nada de regras.
Nada de reis.
Nada de tréguas.

Vamos usar nosso instinto.
Comunidade anarquista.
Tudo é de todos, insisto.
Nada de posse, nada de lista.

Futuro indeterminado.
Presente contexto.
Ridículo do passado.
Filhos do incesto.

Mentalidade atrasada.
Mentes que sonham.
Sonham de forma errada.
E por isso afundam.

Vida de injustiça.
Correndo pra lá e pra cá.
Fugindo da polícia.
Por, do sistema, descordar.

Vamos usar a liberdade.
Para avançar a sociedade.
Vamos sair da boléia.
Apenas usando a idéia.


--David Edison Julião Saragosa--

...Fugir será a solução...



Mundo hoje


Mundo hoje é um desastre sem reclamações.
É tempo de inflação e troca de governo.
O presidente assume e faz suas revoluções.
A policia chora e o pobre morre.
Pessoas dizem adeus e a Deus.

É tempo de acidente em Angra.
Pessoas morrem por balas perdidas.
Filhos chorando e mães sem saída.
Cachorros loucos roubam nosso dinheiro.
E agora pra onde vamos fugir?

Televisão é para quem tem coração forte.
A morte é um coração que já se foi.
Noticio, eu preciso de ar para viver.
Morrer, onde? Quando? Sim, não?

É tempo de navios náufragos.
Reclamações sobre injustiças.
Teatros sofrem sobre más influências.
Aonde vamos paras com essas mortes?
Corações puros resistem aos tráficos.

Eles acabam com os nossos planos.
De um dia ser mais feliz.
A indignação é um prato cheio.
Para quem não sofre é muito bom.
Agora vamos destruir, vamos reclamar.

É tempo de reclamações e fome.
A nossa vida é essa roleta russa.
E disparar não será a solução.
Será que a morte não é tão ruim?


--David Edison Julião Saragosa--

...Quem fede mais?...



O cálice das idéias


Louco, pirado, virado ao aveso.
Vivo como uma brisa no verão.
Apaixonado, arrependido, enrustido ou não.
Exercitando a vaidade, a vontade, vivendo num paraíso.
Ah! É tudo que preciso.

Vivendo, sofrendo, encarando, chorando de alegria.
A vida não acaba, mas você pode acabar e fácil.
Destruindo, acabando, maltratando minha luz.
Ah! A luz que me conduz.
Me conduz.

Com sede, com sono, com nada pra comer.
Mendigos, vadios, ou simples alfaiates.
Porcos de um chiqueiro são verdadeiros.
Verdadeiros alvos da burguesia.
É! “A burguesia fede”

O mundo vai acabar, talvez hoje não.
Hoje não amor, por favor.
Quero ainda poder desfilar as minhas virtudes.
Que me lavam ao mundo, ao mundo que criei.
Que sonhei e que queria poder ver.

É tudo piada, nossa vida, nossa morte.
Vejo o mundo de cabeça pra baixo.
Assim é mais fácil se virar.
E também de ver as coisas como são.
Ou pelo menos fingir estar certo.

Ah! O mundo, o meu mundo, nosso mundo.
Onde anda a ordem, a desordem, a preguiça.
Até ontem eu pescava idéias, hoje meu rio está mais raso.
Meu amor, minha dor, minha alegria.
Minha vida, vadia, atrapalhada, vazia.


--David Edison Julião Saragosa--
--“A burguesia fede” CAZUZA.--


...Qual o valor do nosso voto?...



O poder do sim ou não


Tudo tem sua hora.
Nada ao amanhecer.
Fome no almoço.
Até ao anoitecer.

Modo de vida livre.
Livre do passado.
De passado não se vive.
Sem destino agora.

Da razão estou tão perto.
Meus pensamentos incertos.
Minha verdade atrás da tempestade.
Meu sonho atrás da honestidade.

Hora de comer está na consciência.
Peço paz, peço clemência.
Atrás da dor a grande guerra.
Atrás da mata a serra.

O poder do nosso voto.
Meu papel na urna, eu boto.
Mas o porquê de confusões?
Se quem decide não somos nós.

Tudo tem sua hora.
Modo de vida livre.
Da razão estou tão perto.
E o mundo continua incerto.


--David Edison Julião Saragosa--

...Podemos mesmo dormir em paz?...



“Oligarquia”


Vamos todos à Brasília.
Defender nossas idéias.
Eu não vou mais engolir.
Tudo que vocês, vermes, falam.

Vomitando essas leis injustas.
E nos fazendo digerir.
Não podemos mais nos calar.
Vocês, vermes, nós vamos destruir.

Cala essa boca, enquanto ainda tenho paciência.
Vamos destruir vocês, vermes exploradores da nossa inocência.

Agora que a fraude parou.
Parou de ser ilegal.
Daqui a pouco nossos bebês.
Vão comer bosta até no mingau.
Destruindo os fetos saudáveis.

Nos clonando e fazendo robôs.
Há muito tempo comemos trangênicos.
Mas com a gente é sempre assim.
Só notamos algo de errado.
Quando aparece na TV.

Cala essa boca, enquanto ainda tenho paciência.
Vamos destruir vocês, vermes exploradores da nossa inocência.

“Oligarquia” tomem cuidado.
Frases escritas, providências tomadas.


--David Edison Julião Saragosa--

...A verdade atrás da ignorância...


Nos matam aos poucos


A decadência do mundo está nas mãos dos homens.
Onde o dia é uma luta e a noite é um apelo.
Os bons estão fora desse jogo onde viram lobisomens.
A guerra é um sossego, mas a vida nos traz medo. Muito medo.

Permitimos a paz, a vida e a guerra também.
Permitimos a nossa esperança, mas não dizemos amém.

As balas perdidas se acham no corpo de algum marginal.
Na rua, na casa, na cama e no ar nos escondemos do sol.
Somos os marginais procurando abrigo num mundo de sombra.
Procuramos surfar num mar que pra mim não tem onda. Não tem nada.

Permitimos a paz, a vida e a guerra também.
Permitimos a nossa esperança, mas não dizemos amém.

Nossa vida é tão curta e simples como um bocejo.
Parece ser contagioso esse ato de suicídio aos poucos.
Pois respiramos o ar que todo dia nos mata sem se quer perceber.
É uma morte muda e surda que nos leva devagar. Bem devagar.

Permitimos a paz, a vida e a guerra também.
Permitimos a nossa esperança, mas não dizemos amém.

Não sei o que pensar da nossa geração que vive amordaçada.
Onde quase todos pensam aquilo que nos é permitido.
E os poucos que ainda conseguem fugir da coleira.
São amarrados e injustiçados pelos que lhe devem respeito.

Permitimos a paz, a vida e a guerra também.
Permitimos a nossa esperança, mas não dizemos amém.

Toleramos e ainda vamos permitir mais.
Permitiremos que nos tirem a vida em troca de poder.
Que levem nossos corações e ainda mais.
Que bebam nossa água quando não houver mais o que beber.
E agora o que fazer?


--David Edison Julião Saragosa--